Artigo: Argentina flerta com a crise, de novo e de novo

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Por: Luís Bassoli*

O país hermano tem um sistema político-eleitoral confuso, os partidos podem ter vários candidatos ao mesmo tempo, indicar o vice na chapa concorrente, o vice-presidente se torna presidente do Senado.

Peronismo

O Movimento Nacional Justicialista foi criado por Juan Domingo Perón, um ex-militar, presidente da Argentina por três vezes, pelo Partido Justicialista.

Perón morreu no cargo (1974), sucedido pela vice e esposa, Isabelita Perón, deposta por militares dois anos depois.

Ditadura Militar

O golpe de março de 1976 indicou o general Jorge Videla presidente, que impôs a desindustrialização e o endividamento externo do país.

Com participação de civis das elites, promoveu um terrorismo de Estado: perseguição, tortura e a morte de 30 mil pessoas.

Guerra das Malvinas e a redemocratização

Em 1981, com a crise econômica, Videla renunciou, sucedido pelo general Leopoldo Galtieri.

Para enfrentar a greve geral e prolongar o regime, Galtieri declarou guerra ao Reino Unido e ocupou as Ilhas Malvinas.

Acontece que o Reino Unido era nada menos que a terceira maior potência militar do planeta – em dois meses, recuperou o território.

A humilhante derrota esfacelou a ditadura; em 1983, Raúl Alfonsín foi eleito presidente, em eleições gerais.

Carlos Menem e a instabilidade política

Diante da hiperinflação e da insatisfação popular, Alfonsín renunciou, sucedido pelo peronista Carlos Menem, que controlou a inflação com privatização e dolarização da moeda, medidas que logo se mostraram catastróficas para a economia; mesmo assim, Menem foi reeleito.

Em 1999, é eleito Fernando de la Rúa, do partido de centro União Cívica Radical.

Cinco presidentes em doze dias

Em 20 de dezembro de 2001,

dois anos antes do fim do mandato, de la Rúa renuncia, após dias de violência e saques; o vice Carlos Álvarez havia renunciado meses antes.

No dia seguinte (21/12), o peronista Ramón Puerta é empossado presidente temporário.

No outro dia, o Congresso indica Rodríguez Saá como novo presidente provisório, cujo mandato terminaria em abril de 2002.

Em 30 de dezembro, Saá renuncia; o presidente do Senado Ramón Puerta volta à presidência, por apenas 15 minutos, e também renuncia.

No dia seguinte (31/12), o peronista Eduardo Camaño, presidente da Câmara, assume como presidente interino.

Em 1.º de janeiro de 2002, a Assembléia Legislativa escolhe o senador peronista (e ex-vice-presidente de Menem) Eduardo Duhalde o novo presidente, que, finalmente, fica no cargo até às eleições de 2003.

Kirchnerismo e a estabilidade política

Em 2003, Néstor Kirchner, da ala à esquerda do peronismo, é eleito presidente, com a coligação Frente para a Vitória.

Em 2007, a primeira-dama Cristina Kirchner é eleita presidente e reeleita em 2011.

O kirchnerismo, pois, trouxe estabilidade política ao país.

Em 2015, o empresário Mauricio Macri vence as eleições e se torna o primeiro não-peronista a concluir o mandato em 70 anos – não foi reeleito.

Em 2019, o peronista Alberto Fernández é eleito, no primeiro turno, com Cristina Kirchner de vice.

Fator Milei e o Peronismo

Até os pinguins da Patagônia sabem que Javier Milei é uma aberração, tem graves problemas mentais (conversa com o espírito de seu cachorro morto e se fantasia de super-heroi).

O excêntrico candidato da extrema-direita não tem programa de governo e se valeu de frases de efeito e fakenews para chegar ao segundo turno.

O peronismo, que se tornou um complexo emaranhado que abriga conservadores, liberais, trabalhistas etc., apoia, em sua maioria, o candidato governista Sérgio Massa.

Se Javier Milei for eleito, a Argentina certamente viverá “fortes emoções” – e o custo social poderá ser muito alto.

* Luís Bassoli é advogado e ex-presidente da Câmara Municipal de Taquaritinga (SP).

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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